Uma marca num pedaço de papel é um fenômeno bidimensional.
O desafio do artista é transformar essas duas dimensões em três ou mais.
Sombrear e “dar volume” são as chaves para essa transformação.
Exercício de sombreamento 1 – Luz numa esfera
Desenhe alguns círculos na folha e experimente vários ângulos de luz e sombra, como aqui:
Exercício de sombreamento 2: Maçã ao Sol
Este exercício se faz com uma maçã ou qualquer forma básica.
Para que um objeto dê a impressão de que tem “substancia real”, a posição das sombras deve ser coerente com a da luz.
Lembra-se de como no exercício de observação de luz e sombra você semicerrou os olhos e começou a distinguir tons de luz e de sombra? Chegou a hora de aplicar essa percepção a sua maçã.
Coloque a maçã numa superfície simples próxima a você. (Pode ser um prato de cor neutra, um pedaço de papel, uma mesa, um tecido – qualquer coisa que não chame a atenção).
Agora, permitindo-se olhar sucessivamente o objeto e o papel, trace o contorno da forma da maçã que se encontra no prato.
(Você vai notar que, ainda que se trate sempre da mesma maçã, ela nunca parece a mesma de outro ângulo, ou sob outra luz; portanto, na verdade não é possível fazer exatamente a mesma coisa duas vezes).
Agora procure ver qual é a fonte de luz mais importante (às vezes há mais de uma; veja qual é a dominante e, se possível, elimine as outras).
Mais uma vez semicerre os olhos para distinguir a luz e sombra da maçã. Percebeu?
Certifique-se de que o escuro (sombra) está do lado oposto ao da luz. Se não estiver, olhe novamente.
- Em seu papel, indique, com o desenho de um pequeno sol, o lugar de onde vem a luz. Com uma caneta macia, comece a sombrear as partes escuras de sua maçã. Sombrear é um processo cumulativo, portanto sombreie com “camadas” finas, como Da Vinci fazia.
Enquanto sombreia, semicerre os olhos de vez em quando. Isso lhe permitirá saber quão escuras são realmente as sombras.
Exercício de sombreamento 3: Tabela de Valores
Em desenho, o termo valor não se refere a quanto você vai ganhar vendendo a sua primeira obra de arte num leilão, mas à gradação que vai do mais claro ao mais escuro.
No é de sua folha, faça, sem se preocupar com rigor, um quadro de valores semelhante ao quadro a seguir.
Exercício de sombreamento 4: Valores da esfera.
Volte ao seu desenho da esfera sombreada.
Retome o quadro de valores e, olhando a esfera e o quadro com os olhos semicerrados, observe a correspondência do sombreado que você fez com as gradações que vão do mais claro ao mais escuro.
Por exemplo, na figura sombreada a seguir, os diferentes “níveis” de sombra podem ser reduzidos, grosso modo, àquelas quatro categorias de valor.
Este exercício vai desenvolver sua capacidade de distinguir entre diferentes valores e o ensinará a reduzir o sombreamento a grupos simples.
Mas adiante você poderá acrescentar gradações mais refinadas.
Exercício de sombreamento 5: Mais frutas
Pegue algumas peras e maçãs. (O fato de serem lisas fará com que a atenção se concentre em desenhar as sombras mais que os padrões da superfície).
Em seguida arrume-as num prato.
Decida qual vai ser a fonte de luz e indique-a com o desenho de um pequeno sol na margem do papel.
Observe a configuração geral das frutas dispostas na superfície.
- Algumas delas se sobrepõem às outras?
- Quais os padrões dos diferentes valores?
Agora “enquadre” seu desenho.
Então, usando contorno e sombreamento, desenhe a natureza-morta que está diante de você. (Lembre-se de parar de vez em quando para observar seu trabalho de certa distancia).
As técnicas de sombreamento que você acabou de aprender são muito eficientes, mas para transferir a inteireza das coisas de dentro para fora elas precisam ser complementadas por uma técnica especial de criação de profundidade.
Essa técnica nós vamos ver na próxima aula.
Grande abraço e vamos desenhar juntos.